segunda-feira, 25 de julho de 2011

Bom condicionamento físico de militares entra em discussão depois de morte de candidato durante teste físico

A morte de um candidato durante teste de avaliação física levantou a discussão em torno da necessidade de manter os policiais da corporação bem preparados fisicamente


Corporação reconhece que pelo menos 8% do total de policiais sofre com problemas gerados pela obesidade e do sobrepeso
Corporação reconhece que pelo menos 8% do total de policiais sofre com problemas gerados pela obesidade e do sobrepeso.
A morte do técnico em Eletrônica Luciano Martins Paixão, 28, durante o teste de aptidão física para o concurso da Polícia Militar, no início da semana passada, levantou uma questão importante ligada à rotina da corporação: a ausência de espaços voltados para a prática da educação física nos quartéis e a necessidade da intensificação dos exercícios físicos para o bom desempenho policial. Com um efetivo hoje de 7,8 mil policiais, a corporação reconhece que pelo menos 8% desse total sofre com problemas advindos da obesidade e do sobrepeso.
De acordo com o chefe do Centro de Educação Física da PM, major Valadares Pereira de Souza, apesar de ser considerado um índice pequeno, a corporação se preocupa com a situação desses policiais. Segundo ele, faz parte das diretrizes de trabalho do centro orientar os oficiais que se encontram no comando das unidades a identificar os policiais que estão com sobrepeso para que possam ser tratados e retornem ao peso normal. “Temos um centro de educação física dotado de campo, pista de atletismo e atendimento clínico, psicológico e nutricional, que recebe os indicados e os trata”, explica ele.
O Centro de Educação Física da PM fica na sede do Comando da Polícia Militar, no Petrópolis. O local concentra a maioria das atividades esportivas e de treinamento. “Todo ano, aplicamos três a quatro testes físicos com mais rigor para os soldados da corporação, com pontuações, treinamentos com exercícios aeróbicos, natação, corrida de obstáculos, que nos permitem avaliar o condicionamento físico dos nossos policiais”, afirma.
Segundo ele, os treinamentos devem continuar ao longo do ano nas unidades em que os policiais encontram-se lotados. “Habilitamos sargentos e tenentes com conhecimentos básicos e eles repassam para as suas tropas”, afirma.Quanto aos locais para treinamento, o oficial afirma que geralmente as unidades respondem por dois ou três bairros e a orientação, na falta de espaço para treinamento, é que a unidade solicite junto à comunidade a permissão para a utilização de um determinado espaço, que pode ser a quadra de uma escola ou clube para a realização das atividades físicas dos policiais. Na Zona Leste, por exemplo, as unidades da PM interagem com espaços como o do Sesi ou a Minivila Olímpica, da Prefeitura, no Coroado.
“A prática de exercício visando o condicionamento físico é obrigatória. O não comparecimento do policial às atividades é considerada uma infração disciplinar”, explica o major Valadares, reconhecendo que em alguns casos a rotina pesada dos PMs pode acabar fazendo com que ele não cumpra com as obrigações voltadas ao seu condicionamento físico. “É importante que o policial tenha consciência de que ele precisa estar bem fisicamente para evitar problemas para a sua própria saúde e garantir o bom desempenho profissional”, explica. Ele observa que os policiais que se encaixam no quadro crônico de obesidade são retirados das ruas e direcionados aos serviços burocráticos e administrativos dentro das unidades.
 O major Valadares defende o rigor na aplicação dos Testes de Aptidão Física para quem está entrando na corporação. Alvo de polêmicas, os TAFs têm a finalidade de avaliar o condicionamento físico dos candidatos a PM para evitar problemas futuros. “A doutrina policial militar que trata do condicionamento físico dos policiais militares do Amazonas é adaptada do Exército brasileiro”, afirma o major, lembrando que a base do treinamento físico militar do Exército é ainda mais rígida.
“A Polícia Militar tem profissionais de Educação Física, com formação superior, que estabelecem um planejamento anual de ação para avaliação do condicionamento físico dos policiais”, explica ele, que é formado em Educação Física pela Universidade Federal do Ceará. “Adotamos o mesmo modelo da escola do Exército, que tem dado excelentes resultados”, avalia o oficial, lembrando que não há nenhum caso de ocorrência de ataques cardíacos ou problemas cardiorespiratórios de policiais militares em serviço.
“Da mesma forma que tratamos o policial com sobrepeso, estamos implantando também o sistema de clínica para policiais com problema de dependência química, com a finalidade de recuperar os policiais e devolvê-los aptos à corporação.
A Polícia Militar informou que os candidatos que foram reprovados na prova de corrida na etapa do Teste de Aptidão Física (TAF) do concurso público da Polícia Militar do Amazonas (PM-AM) terão nova oportunidade de fazer o exame nos dias 28 e 29 de julho. A decisão do Comando Geral da Polícia Militar do Amazonas segue recomendação do Ministério Público do Estado (MPE). O edital de convocação com o nome dos candidatos e o horário de realização do exame serão divulgados na próxima semana, no site do Instituto Superior de Administração e Economia (FGV/Isae), no www.isaeamazonia.org,br.

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